Em sentido dicionarizado, irmão (do latim “germanu”) é o filho do mesmo pai e da mesma mãe, ou só do mesmo pai ou só da mesma mãe. De modo menos óbvio, dicionários ainda trazem a definição de “amigo inseparável” como sendo uma definição da palavra “irmão”.
Recentemente, aprendi que um irmão é alguém por quem você tem um sentimento que não sabe traduzir em palavras. Todos nós sentimos falta de nossos amigos se estamos longe deles, ou afastados por qualquer outro motivo mais sério. Meses se passam e a saudade só cresce. Isso é inevitável em qualquer amizade. Mas quando se tem um amigo-irmão, estar afastado é viver em preto-e-branco.
Após uma reunião de amigos-irmãos, tudo o que se sente é um vazio por saber que sua vidinha morna e longe dessas pessoas que você tanto admira espera ansiosamente por você.
Parece pieguice, mas a realidade é essa mesmo. A derrubada de todos os tabus que o naturismo representa cria nas relações humanas dentro desse meio uma franqueza e uma parceria raríssimas de se encontrar hoje em dia em qualquer outro meio social.
Despir-se, aqui, é muito mais do que se mostrar frágil perante o outro; é confiar plenamente no poder de um abraço, no calor de uma palavra amiga, na amizade e no amor sem barreiras, na pureza de um sentimento.
Enfim, despir-se, aqui, é confiar plenamente no próximo. Tal confiança é algo que experimento todas as vezes em que estou com meus amigos do meio naturista.
Neste último final de semana, fui a Limeira e revi meus amigos que fiz há alguns meses. Eles também fazem parte desse seleto grupo de amigos-irmãos meus, e revê-los é como matar uma saudade de anos, décadas sem se ver. O tempo parece que passa mais devagar se estamos nesse hiato entre uma visita e outra. E os chamo assim, de amigos ou de irmãos, porque o sentimento que tenho por eles é muito próximo ao que tenho por minha irmã. Esse carinho louco, esse afeto, essa vontade de cuidar e de estar sempre presente, sempre próximo. Tudo isso faz com que eu não consiga mais imaginar minha vida se eu não fosse naturista.